domingo, 6 de setembro de 2009

Pugama PSD

Texto de Manuel António Pina, publicado no JN de 28 de Agosto de 2009

Tempo de autocrítica

É impossível não ver no programa eleitoral do PSD (...) e no anúncio pela dra. Ferreira Leite de políticas de firme combate a medidas da dra. Ferreira Leite, a mão maoista (ou o que resta dela) de Pacheco Pereira, a da autocrítica. Assim, se chegar ao Governo, a dra. Ferreira Leite extinguirá o pagamento especial por conta que a dra. Ferreira Leite criou em 2001; a primeira-ministra dra. Ferreira Leite alterará o regime do IVA, que a ministra das Finanças dra. Ferreira Leite, em 2002, aumentou de 17 para 19%; promoverá a motivação e a valorização dos funcionários públicos cujos salários a dra. Ferreira Leite congelou em 2003; consolidará efectiva, e não apenas aparentemente, o défice que a dra. Ferreira Leite maquilhou com receitas extraordinárias em 2002, 2003 e 2004; e levará a paz às escolas, onde o desagrado dos alunos com a ministra da Educação dra. Ferreira Leite chegou, em 1994, ao ponto de lhe exibirem os traseiros. (...)

 Manuel António Pina,  JN

(Texto com supressões)

 28 de Agosto de 2009

Ó mamã, isso num tá no pugama!

O "debate" entre Manuela Ferreira Leite e Francisco Louçã foi todo um agoniar e uma luta desesperante para revelar o menos possível por parte da líder laranja. Sempre que se sentia incomodada com a tão propalada "verdade" justifica-se com o programa, "não tenho isso no programa". Para passar discreta, acabou por concordar com Louçã em quase tudo menos quando meteu a paneleirada que isso, meus filhos, "o casamento é para procriar". Enfim... pena que o "debate" durasse tão pouco tempo e que Louçã não tivesse sido tão incisivo e cínico como será contra Sócrates caso contrário o PSD ter-se-ia enterrado definitivamente hoje.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Asfixia democrática

«O cardeal-patriarca de Lisboa repreendeu hoje bispos e padres que "se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça"

"Enquanto houver alguns bispos e padres que se consideram com o direito de decidir pela sua cabeça os caminhos de pastoral, o sentido da existência moral, a maneira de celebrar, estamos a fragilizar a proposta cristã, num mundo que saberá aproveitar, com os seus critérios, as nossas divisões", afirmou D. José Policarpo, no VI Simpósio do Clero [Lusa]
A Igreja, e a religião em geral, sempre lidaram muito mal com a liberdade de pensamento e a vontade própria. 


"Quando todos pensam igual, ninguém está a pensar."
Walter Lippmann, A Sabedoria dos Tempos

Isto vindo de quem tem cara de aborto...

Nem me vou dar o trabalho de fazer qualquer tipo de piada sobre o texto que se segue. Ele é, em si, todo uma idiotice e inqualificável anormalidade. O texto é de Gonçalo Portocarrero de Allmada e está no Público de 30 de Agosto de 2009. Fiquem então com esta bardamelhice de raciocínio:

A educação sexual e D. Afonso Henriques 

Por Gonçalo Portocarrero de Allmada 


Se a ignorância sexual foi tão prolífica para Portugal, será que a educação sexual esterilizará o nosso país?

A questão pode parecer peregrina, mas não é. Com efeito, foi precisamente neste ano, em que se festejam os novecentos anos do primeiro rei de Portugal, que se implementou no nosso país a educação sexual obrigatória. Uma tão feliz coincidência não pode ser mero acaso, pelo que parece ser pertinente questionar a relação entre aquela efeméride e esta nova vertente da educação em Portugal.
É certo e sabido que D. Afonso Henriques não teve qualquer tipo de educação sexual, muito embora uma tal carência não tenha significado para o nosso primeiro monarca nenhuma especial inaptidão, pois não só foi pai da nação como, também, de onze filhos! Mais ainda: todos os seus contemporâneos que geraram descendentes, fossem eles nobres, burgueses ou filhos do povo, todos, sem excepção, fizeram-no sem que lhes tivesse sido dada nenhuma educação sexual. É incrível, mas é verdade. 
E, não obstante esta ignorância sexual generalizada, o país não se extinguiu! É caso para dizer: milagre! Era de esperar que os portugueses tivessem desaparecido do mapa, por desconhecimento da ciência da reprodução, acintosamente omitida pela Igreja e pelo Estado, nos seus respectivos estabelecimentos de ensino. Mas não! De forma absolutamente prodigiosa, os portugueses, sabe-se lá a que custo, lograram trazer filhos ao mundo! Filhos das trevas e da falta da educação sexual! Filhos da iliteracia sexual que o nosso país sofreu durante oito séculos! 
Temo que seja esta a ancestral razão pela qual muito se gaba, e com razão, a proverbial capacidade lusitana de improvisar: não havia aulas, os homens e as mulheres não sabiam educação sexual e, contudo, apareciam filhos, tantos filhos que se espalharam pelas sete partidas do mundo! Se a ignorância sexual foi tão prolífica para Portugal, será que a educação sexual esterilizará o nosso país? Será que o que se pretende, com a nova disciplina curricular, é que os portugueses mirrem e se extingam, em vez de se expandirem e multiplicarem?! 
Seja como for, a verdade é que o Governo entendeu por bem pôr termo a esta atávica falta de educação sexual nacional. Mas, se pega a moda do Estado pretender ensinar o que é óbvio e natural, em vez do que é elevado e racional, é de esperar que a reforma educativa não se fique pela sexualidade. Falta, por exemplo, uma disciplina de educação respiratória, porque há quem não saiba inspirar e expirar em condições. O mesmo se diga da educação digestiva e de todas as outras expressões das mais básicas necessidades do nosso organismo. Em suma: a introdução da educação sexual não é uma simples alteração cosmética da política educativa, mas o início de uma nova era, a vanguarda de uma autêntica revolução. Abaixo o Português e a Matemática e viva a Educação Sexual! Abaixo a cultura e viva a educação animal! Abaixo a educação humanista e viva a educação "bestial"!
A propósito, não será por falta de educação sexual que o lince-ibérico está em vias de se extinção?! Se os homens, que em princípio são animais racionais, têm necessidade, no sábio e prudente entendimento dos nossos governantes, de uma aprendizagem que assegure a sua reprodução, com mais razão os animais irracionais precisam de uma formação específica que os ensine a procriar. Crie-se, pois, sem mais demora, a Escola C+S da Malcata e imponha-se aos linces a frequência obrigatória das respectivas aulas de educação sexual: é a única solução capaz de impedir o seu dramático desaparecimento.

Licenciado em Direito e doutorado em Filosofia. Vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Família (CNAF).