quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O espelho de um país

Tenho assistido com alguma tristeza e até pena aos protestos da população de Anadia contra o encerramento do serviço de urgência. E desengane-se se exprimo estes sentimentos por estar solidário com eles. Anadia, para quem não sabe, é uma cidade portuguesa sa região centro pertencente ao Distrito de Aveiro, estando localizada perto desta cidade e de Coimbra.
Ou seja, a população prefere viver enganada com o seu serviço de urgência do que recorrer a serviços hospitalares de qualidade. Passo a explicar.
O que acontece actualmente na maior parte dos serviços de urgência ou SAP com pouca capacidade de resposta é que os doentes mais graves são encaminhados para a unidade hospitalar mais capacitada que se encontra próximo. No caso, até são duas, Aveiro e Coimbra que tem provavelmente o melhor hospital de Portugal. Ou seja, o irem directamente para uma destes hospitais até poupa tempo. Além disso, acaba por fazer uma triagem automática de doentes pois só os que realmente necessitam recorrerão à urgência, diminuindo assim o vício do português que espirra e vai para o hospital.
Para além disso, os dois hospitais próximos que referi estão muito melhor dotados a nível de equipamento e pessoal. O facto de em Anadia o local do serviço de urgência ser novo e ter sido remodelado à pouco tempo, não leva a que este tenham os instrumentos e médicos necessários. E, que eu saiba, não são boas paredes que salvam vidas.
A juntar a isto, Anadia conta agora com uma ambulância do INEM e com um serviço de consulta aberta, serviços com os quais não contava antes do fecho da urgência.
Não consigo por isso perceber a atitude desta população liderada por revolucionários ressabiados, cantores caducos e populistas/demagogos com sede de poder. Parece pois que um serviço de urgência é um marco de identidade de uma população sem o qual a vida na cidade deixa de fazer sentido.

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